Engana-se quem enxerga o curso de graduação como o único caminho para atingir satisfação profissional e boas pretensões de salário. Com o crescimento acelerado do número de novas faculdades e cursos universitários no Brasil - de acordo o Ministério da Educação publicados no ano passado, há mais de 32 mil graduações ativas em todo o País -, a concorrência, claro, aumentou e o "canudo" deixou de ser garantia de sucesso. Por outro lado, os diplomas técnicos têm sido cada vez mais valorizados, principalmente na área de indústria.
Um levantamento da empresa paulista especializada em recrutamento Catho mapeou dez áreas de expertise técnico com bons salários. No topo da lista está o cargo de técnico de petróleo, com rendimentos mensais de R$ 5.406. Já a profissão de projetista mecânico, em último lugar, tem ganhos estimados mensalmente em R$ 3.810,60. Todas as ocupações são para a área industrial. Um dado mais local, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em Pernambuco (Senai-PE), aponta grande nível de empregabilidade para várias carreiras de nível técnico, como eletromecânica (86%), manutenção automotiva (80%), administração empresarial (79%) e eletrotécnica (79%), refrigeração e climatização (77%) e produção de moda (77%).
"Com o grande volume de faculdades e profissionais formados em instituições nem sempre qualificadas, aumenta a dificuldade de encontrar candidatos capacitados sobretudo do ponto de vista operacional", afirma o office manager da empresa especializada em recrutamento Randstad Brasil, Fábio Ozório. Mesmo com a grande busca por estes profissionais, ainda há muita reserva em relação aos cursos técnicos. "Falta um direcionamento para quem está começando. A área técnica é muito boa também porque o profissional pode primeiro adquirir um conhecimento mais prático para depois partir para uma graduação, mas as pessoas ainda têm o curso superior como ideal", completa.
CRISE
A indústria está longe de passar por um mar de bonança. Em 2015, houve retração de 6,2% dos empregos de acordo com a pesquisa Industrial Mensal Emprego e Salário (Pimes). A queda é a maior da série histórica, que começou a ser produzida em 2002 pelo IBGE.
Ainda assim, Ozório garante que os empregos de nível técnico são os últimos a serem cortados. "O enxugamento geralmente acontece em outras áreas, pois o profissional técnico faz a máquina girar", comenta. Ainda de acordo com Ozório, o colaborador técnico também tem substituído profissionais formados porque apresentam salários menores, ainda que interessantes.
Segundo o professor do departamento de economia da UFPE Marcelo Eduardo Alves, a expectativa é de que o quadro só comece a melhorar para a economia em 2017, e a indústria será um dos primeiros setores a sentir o impacto. "A indústria se prepara para fornecer produtos ao comércio, então é a primeira a guinar", revela. O quadro favorece ainda mais interessados em se qualificar para ocupar vagas técnicas.
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